Artigo

Conjuntura Internacional

Cezar Roedel
Consultor de Relações Internacionais
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Reino Unido
A conjuntura no Reino Unido é delicada. Liz Truss assumiu como primeira-ministra e ficou no poder por 45 dias, sendo a líder com menor tempo de governo na história. O motivo: não conseguiria cumprir as promessas de campanha. O Partido Conservador agiu rápido na renúncia de Truss, substituindo-a pelo favorito nas corridas internas, Rishi Sunak. Ele concorreu com Truss no processo anterior, com debates que se tornaram polêmicos, principalmente, pelas promessas da candidata. A conjuntura econômica do Reino Unido não é nada animadora. A inflação é recorde, o custo energético está elevado, o poder de compra reduzido com os preços em alta e há também pessimismo por parte do mercado. O custo energético elevou-se devido à conjuntura da guerra injustificada da Rússia contra a Ucrânia, que pegou de surpresa a Europa, dependente do gás russo, em que pese o Reino Unido, especificamente, não depender do mesmo. Todavia, a guerra subiu o custo energético, aumentando significativamente as contas de eletricidade dos cidadãos britânicos. A previsão é de que no próximo dia 17 de novembro se apresente um plano fiscal no país, para cobrir o rombo de 40 milhões de libras. Ele prevê o aumento de impostos, o corte nas despesas do governo e reformas sociais. Truss chegou a prometer uma redução nos impostos, mas não conseguiu cumprir a sua promessa, abrindo a janela para que Sunak assumisse o poder.

Desafios
Os desafios para o Reino Unido são diversificados e Rishi Sunak deverá enfrentá-los de forma pragmática, sem discursos. O primeiro deles é o da guerra que bate à porta da Europa. Ainda está distante qualquer possibilidade de negociação, enquanto isso o custo energético se torna cada vez mais uma variável difícil de se controlar. Sunak não possui experiência com relações externas. O cargo que ocupou estava ligado ao Tesouro. No campo das relações internacionais, os desafios se somam, ainda mais com a sua pouca experiência. Em segundo, as contas de eletricidade dos britânicos subiram consideravelmente e esse será um ponto importante, que espera algum tipo de resposta do governo. O terceiro é o poder de compra dos britânicos, que está em uma situação delicada. O quarto está ligado aos desafios estruturais que o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) deixou. Há um projeto de lei na Câmara dos Comuns que visa revogar cerca de 2,4 mil leis ainda existentes do tempo da relação com o bloco. Os empresários têm pressionado o governo em relação ao mercado europeu, com as dificuldades que foram criadas a partir do Brexit, dificultando os negócios. Os pontos positivos de Sunak são: em primeiro, a sua boa relação com o mercado financeiro, sendo capaz de amenizar o cenário atual do Reino Unido; e segundo, é provável que haja menos rigor em relação à União Europeia, buscando facilitar mais o ambiente de negócios após a saída do bloco europeu. A sorte dos britânicos está lançada. Só o tempo dirá como Sunak será hábil em reverter a delicada conjuntura. A sua primeira ação foi a de adiar a apresentação do plano fiscal, que seria apresentada ainda em outubro. Parece que Sunak quer mais tempo para dar uma resposta mais adequada ao momento.

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